Quando mudar é crescer: o que você precisa saber antes de fazer rebranding
Rebranding não é trocar logotipo. Tampouco é uma mudança de estética. Rebranding é uma decisão estratégica com impacto direto sobre o posicionamento, o valor percebido e a continuidade de um negócio. Em tempos de alta concorrência e ciclos cada vez mais curtos de percepção de valor, às vezes é preciso reapresentar quem você é. Mas como saber a hora certa? E o que esperar de um processo que, se mal conduzido, pode ser desastroso?
Por Rafael Gagliardi
O que é rebranding
Rebranding é o processo de redefinir como uma marca é percebida. Pode incluir a mudança de nome, logo, slogan, linguagem visual, identidade verbal, narrativa institucional e posicionamento no mercado. Mas, mais do que o resultado visual, é uma mudança de direção: uma escolha consciente de reposicionar a marca perante seus públicos.
Empresas que fazem rebranding não estão apenas mudando sua “cara”. Estão reformulando sua promessa. E isso envolve visão, cultura, linguagem e, principalmente, consistência.
Por que fazer rebranding?
Não existe um único motivo para um rebranding. O que existe é um acúmulo de sinais. Você pode não estar vendendo menos, mas talvez esteja sendo lembrado menos. Pode não estar desconectado do mercado, mas talvez não esteja mais dizendo nada relevante.
Veja alguns motivos válidos para considerar um rebranding:
- Imagem desatualizada: marcas que não evoluem passam a parecer antigas, mesmo que o serviço continue excelente.
- Mudança de estratégia: novos segmentos, novos produtos ou nova visão de futuro.
- Fusões e aquisições: duas marcas distintas precisam se tornar uma.
- Crise reputacional: marcas que passaram por polêmicas ou desgastes podem se reposicionar.
- Expansão internacional: o que funciona em um mercado pode não funcionar em outro.
- Aproximação com novos públicos: reposicionar a linguagem e os canais para se conectar com um novo perfil.
- Confusão de marca: quando a marca não comunica claramente seu diferencial.
- Declínio de vendas: não basta vender menos, é preciso entender por que as pessoas estão deixando de escolher você.
O que esperar de um rebranding
O processo é complexo, mas os ganhos, quando bem conduzidos, são reais. Uma marca reestruturada atrai clientes mais alinhados, melhora a retenção de talentos, aumenta o valor percebido da empresa e reduz custos com comunicação difusa. Marcas bem posicionadas têm mais facilidade para vender, negociar, atrair investidores e escalar.
Segundo a Lucidpress (agora conhecido como Marq depois de um rebranding), marcas com identidade consistente geram até 33% mais receita. Isso significa que rebranding também é uma ferramenta de alavancagem de resultados.
Passo a passo para rebranding
- Diagnóstico realista
Entenda o contexto. Isso inclui a percepção atual do público, análise de concorrentes, reputação, cultura interna, vendas e posicionamento atual. - Alinhamento de visão e direção
Rebranding não é uma decoração. É uma manifestação de para onde a empresa está indo. Defina com clareza o que você quer comunicar e para quem. - Pesquisa e benchmarking
O que você tem de diferente? O que outros estão fazendo bem? Não se trata de copiar, mas de identificar espaços reais de posicionamento. - Desenho da nova identidade
Isso envolve a criação de nome (se for o caso), logo, tipografia, paleta de cores, tom de voz e linguagem visual. Todo esse trabalho deve ser feito por especialistas com experiência em marca, não apenas em design. - Teste e validação
Ouça clientes, times internos e parceiros. Testes A/B, entrevistas qualitativas ou pesquisas são fundamentais para avaliar a aderência. - Planejamento de transição
Quando lançar? Como comunicar? Quais canais? A transição deve ser planejada para não causar ruído nem perda de valor. - Ativação e consistência
Uma vez lançado, o rebranding precisa ser sustentado. Isso significa alinhar toda a comunicação interna e externa, atualizar materiais, redes, site e manter o discurso consistente.
Pontos de atenção
- Rebranding não é um paliativo para má gestão. Ele precisa ser embasado em estratégia.
- Não comece por estética. Comece por sentido.
- Envolver stakeholders é fundamental. Quem vive a marca deve participar da mudança.
- Mudança demais assusta. Mudança de menos é irrelevante.
- Tenha uma agência ou consultoria especializada que compreenda branding como ferramenta de negócio.
O que rebranding não é
- Não é refazer o site.
- Não é trocar a paleta de cores no Canva.
- Não é modernizar o logo e manter todo o resto igual.
- Não é mudar o nome sem alinhar o que esse nome representa.
Perguntas para provocar sua decisão
- Você se reconhece na sua marca hoje?
- Seus clientes entendem claramente seu diferencial?
- Sua marca comunica para o público que você quer atrair?
- A estética e a linguagem da sua marca transmitem autoridade?
- A equipe se sente representada por essa identidade?
- Você consegue cobrar mais pelo que faz ou precisa justificar o preço a todo momento?
Investir em rebranding é investir em relevância
Se você sente que a forma como é visto não corresponde ao que entrega, talvez seja hora de considerar um rebranding. É um processo que exige coragem, planejamento e visão de futuro. Mas, quando bem executado, entrega resultados tangíveis e reposiciona sua marca como protagonista de um novo ciclo.